segunda-feira, 26 de março de 2012

Quando estou cozinhando tenho a necessidade de rodear-me de coisas que alimentam o meu espírito. Por isso, no meu espaço gourmet tenho minhas plantas, flores, boa música, coisas que conectam-me com tudo de positivo no UNIVERSO COLETIVO.
Eu acredito que o fato de se abrir um site qualquer, ou seguir os passos de uma receita dada por alguém, não caracteriza um "cozinheiro"; talvez as noções rudimentares eu as tenha pegado, vendo o trabalho da nossa "Preta Velha", (até então essa palavra não era revestida de nada mais que puro amor) que criou-me a mim e aos meus outros irmãos. Mas tenho a certeza, eu era sem dúvida, a sua predileta. Todo meu tempo livre eu o gastava, literalmente, nas barras da sua saia. 
 Melhor diria, das suas saias, tantas eram tão engomadas, que nunca poderei esquecer o doce perfume da goma fresca, com a qual ela as engomava e o farfalhar de tanto pano quando ela andava, de lá para cá, sempre entretida com o cozinhar para aquela família tão grande, que ela tanto amava! 
Das minhas avós (materna e paterna), lembro-me muito também: a materna - vovó Mariquinha - era oriunda do Estado de Minas Gerais; típica mineira, coscuvilheira (como diriam os portugueses), quieta (puro disfarce), excelente quizadeira das delícias mineiras e muito boa e querida avó.
A outra, a paterna - vovó Codó - (Claudemira), era oriunda da Bahia. Baiana "arretada", gorda, comilona, alegre, estava sempre em perene ebulição. Na sua casa, só ela falava. E mandava também! O pobre do meu avô Zezinho, quase não se dava por ele! Vivia eternamente disfarçado em "azulejo branco", quase não se fazia notar. Só aparecia para comer e o fazia como passarinho. 
O barulho da minha avó Codó conseguia encher toda a casa. As suas gargalhadas eram insuperáveis. O seu fogão, um caos - sempre sujo, pois não havia tempo para limpá-lo, posto que ela cozinhava a toda hora. Chegava alguém... "tá com fome?" - Lá ia ela para o seu sujo fogão e minutos depois a casa estava cheia de aromas que vinham da cozinha. Alhos, cebolas, coentros, pimenta malagueta, etc... etc... etc. A gente comia "chorando". Picava como uma danada aquela comida, mas, parecia aproximar-nos de Deus.

Bilia (nossa "Preta Velha") 

                                               

3 comentários:

  1. Que idéia maravilhosa!!
    Compartilhar suas histórias, receitas, viagens!!!
    Parabéns! Sabe que sou sua fã!!!
    Sucesso e vida longa ao blog!!!
    Beijinhos!
    San San

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  2. Este comentário foi removido pelo autor.

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  3. Oi Tia, que delicia receber suas delicias aqui novamente!!! Esse risotto deu água na boca... hum, vou fazer e depois te conto. Viva o Japão, a vida que se renova, em cultura, prazer e conhecimentos. Mil beijos

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